A saída de Daniel Ricciardo da Renault (atual Alpine) em 2020 ainda rende assunto nos bastidores da Fórmula 1. O piloto australiano trocou a equipe para competir pela McLaren a partir de 2021. O ex-chefe da equipe Renault na época, Cyril Abiteboul, não poupou críticas ao piloto pela decisão de deixar o time apenas um ano após o início de sua parceria.
Em entrevista ao podcast ‘Dans La Boîte À Gants’, Abiteboul falou sobre o tema e admitiu que ainda está decepcionado com a decisão de Ricciardo. Para Abiteboul, o piloto poderia ter investido mais de um ano no projeto da Renault na Fórmula 1 antes de buscar novos desafios.
“Na verdade, acho que foi um movimento muito prematuro, um pouco egoísta. Porque, no final, ele só deu à equipe uma chance de uma temporada e é uma decisão que levo a mal. Ele tomou sua decisão em abril ou maio. O mundo ficou paralisado, não sabíamos como voltaríamos aos trilhos, se é que voltaríamos aos trilhos”, disse Abiteboul.
O ex-chefe da Renault afirmou ainda que levou a decisão de Ricciardo para o lado pessoal. “É claro, porque vejo isso como uma rejeição pessoal. Considero isso completamente pessoal. Eu aceito isso. E também vejo as consequências.”
“A equipe estava apenas se organizando e se formando. Fizemos progressos, mas isso não significa que estávamos no nível da Red Bull. Ele veio de um ambiente de qualidade da Red Bull, portanto, havia inevitavelmente uma sensação de rebaixamento. Foi difícil para ele psicologicamente. O GP de Baku de 2019 foi absolutamente horrível, ele cometeu erro atrás de erro”, acrescentou.
Melhora da Renault com Ricciardo:
Para Abiteboul, o ponto baixo específico para Ricciardo na Renault aconteceu no GP do Azerbaijão, em 2019. Na ocasião, o piloto teve sua corrida comprometida após diversas e fracassadas tentativas de ultrapassagem que o levaram a colisões. O francês, contudo, destaca a melhora da equipe em 2020, quando Ricciardo chegou a conquistar dois pódios.
“Não achei que seria tão difícil em 2019, e ao contrário, não achei que em 2020 teríamos a Covid, uma pandemia global que nos bloquearia, e durante a qual ele decidiria encerrar seu contrato no final do ano. Eu obviamente não esperava por isso. Eu também não esperava que tivéssemos um ano tão bom em 2020, com pódios e um carro que, cometendo alguns erros a menos, poderia ter terminado em terceiro lugar no campeonato. Depois disso, em algum momento, você precisa seguir em frente. E é complicado porque emitimos comunicados de imprensa muito frios e duros onde você pode perceber o sentimento. Além disso, a Netflix provavelmente estava filmando sua série na época, então eles contaram a história de uma maneira diferente depois”, disse.
“A temporada não aconteceu nada como imaginávamos, aconteceu muito melhor do que esperávamos. Mas ao mesmo tempo, partimos para fazer outra coisa. Partimos para projetos, como a chegada de Fernando Alonso como substituto de Ricciardo. Eu não acho que Daniel poderia imaginar o carro progredindo tanto, e nós também não. Eu também posso entender a estratégia dele. A McLaren vendeu para ele um pouco do sonho para tê-lo, mas isso faz parte do jogo. Ricciardo sempre tem um problema de timing. Ele saiu de nós cedo demais e saiu da McLaren cedo demais”, completou o ex-chefe da Renault.
+ Christian Horner revela detalhes sobre a saída de Daniel Ricciardo da Red Bull em 2018