Nos últimos anos, a Fórmula 1 vem sendo duramente criticada por parte dos fãs e da mídia especializada por realizar provas em locais com frequentes registros de violações dos direitos humanos.
Países como a Arábia Saudita, Bahrein e Catar são alvos de acusações de “sportswashing“, por supostamente utilizar o automobilismo para “limpar” sua imagem perante o mundo. O termo em inglês refere-se, em sua essência, à prática de utilizar o esporte como uma ferramenta para melhorar a percepção pública de uma pessoa, grupo ou Estado, desviando assim a atenção de questões controversas ou negativas.
Segundo matéria do portal GPblog, após o Grande Prêmio da Arábia Saudita, realizado no último sábado (9), os três pilotos que formaram o pódio opinaram sobre o polêmico assunto durante a tradicional coletiva de imprensa, incluindo o vencedor da prova e atual tricampeão mundial Max Verstappen.
Leia também:
-Verstappen vence GP da Arábia Saudita e RBR faz nova dobradinha
Leclerc acredita em “exemplo esportivo”
Charles Leclerc, da Ferrari, vê a passagem da Fórmula 1 por esses países como uma oportunidade de transmitir normas e valores positivos para lugares envoltos por polêmicas e preconceitos.
“Acho que, e sempre dissemos isso, precisamos levar os valores do esporte a esses países para abrir a mente das pessoas“; iniciou assim o monegasco.
“Obviamente estamos em um momento muito complicado para o nosso esporte. E acho que devemos nos concentrar em compartilhar os bons valores e ainda há muito trabalho a se fazer nesse sentido […] continuarei afirmando que somos 20 pilotos mostrando bons valores, respeito, e precisamos continuar indo a esses países para abrir as mentes e inspirar os jovens a seguirem seus sonhos“; opinou Leclerc.
Verstappen enxerga melhorias, mas se concentra nas pistas
Apesar do costume de evitar questões políticas, Max Verstappen, da Red Bull, demonstrou concordar com o rival monegasco. No entanto, para o atual tricampeão de F1, é preciso haver uma separação clara entre o esporte e a política, deixando bem clara sua preferência em opinar apenas sobre seu trabalho nas pistas.
“Acho que com o esporte em geral há muitas coisas que você pode realizar em qualquer lugar do mundo […] É claro que não somos políticos. Essa é uma história totalmente diferente. E também acho que é muito importante que esporte seja esporte, política seja política. Às vezes, as pessoas gostam de estar no meio disso. Eu prefiro me concentrar apenas no esporte. Caso contrário, eu teria me tornado político“; opinou então Verstappen.
“Acho que, desde que chegamos aqui (no Oriente Médio), houveram mudanças muito positivas e você tem de respeitar isso e, às vezes, demora um pouco mais em alguns países, mas acho que é muito positivo […] Então, em geral, é um trabalho em andamento“; encerrou o neerlandês.
Pérez aponta F1 como “oportunidade única”
Sergio Pérez, companheiro de Vespa na RBR, também enxerga as corridas ao redor do mundo como uma oportunidade de levar diversos países a um caminho de melhoria como sociedade. Para ele, colocar locais como a Arábia Saudita em evidência faz então com que eles queiram evoluir para receber o público de todo o mundo.
“Acho que a Fórmula 1 em si é uma grande plataforma que dá oportunidade a novos países de se exporem e saberem que estão sendo observados pelo mundo inteiro […] É uma oportunidade muito boa para todos esses novos países que estão entrando no esporte“; iniciou assim Checo.
“Como produto a F1 é única. Você tem 20 pilotos, de diferentes nacionalidades, grandes esportistas com grandes valores, e acho que isso ajuda todos esses países a se mostrarem e continuar evoluindo“; opinou o mexicano.
