A Fórmula 1 viveu sua “era de ouro” nos anos 1980, década em que grandes nomes percorreram as pistas da categoria mais popular do automobilismo e pavimentaram o caminho para o sucesso de hoje em dia.
Nigel Mansell, sem dúvidas, foi então um dos grandes personagens desta época. O piloto britânico destacou-se por dividir opiniões: ao mesmo tempo em que alguns o admiravam pela ousadia e por seu ímpeto, capazes de proporcionar belíssimas exibições, outros o consideravam um automobilista imprudente e agressivo, propenso a cometer erros graves.
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A trajetória de Mansell na Fórmula 1 e no automobilismo
O Naspistas conta então como foi a história de vida e carreira de Nigel Mansell, campeão mundial de F1, que foi apelidado como “Leão”, devido à ferocidade ao volante.
Nasce um Leão em solo britânico
Se fosse possível escolher, muitos que sonharam em ser ou até mesmo se tornaram automobilistas optariam por nascer na Inglaterra, devido ao grande número de pilotos históricos vindos da terra da rainha.
Nigel Ernest James Mansell foi um desses. Nascido em 8 de agosto de 1953, no condado de Worcestershire, ele iniciou sua carreira profissional ao volante na temporada de 1976 da Fórmula Ford, já então com 23 anos.
Em dois anos pela categoria britânica, Nigel venceu 39 em 51 corridas disputadas, além de assegurar o título em 1977.
Fórmula 3
Após destacar-se na Fórmula Ford, Mansell chegou à “família F1” pela Fórmula 3. Foram também duas temporadas pelo terceiro escalão da maior categoria de monopostos, sendo sua primeira vitória justamente em Silverstone, na Inglaterra, em seu segundo ano.
Em 1979, terminou assim na oitava colocação geral do campeonato. Nesta temporada, ele apresentou resultados consistentes, mas sofreu um acidente que resultou em sua hospitalização e prejudicou seus resultados. Ainda assim, foi contratado no ano seguinte como piloto de testes da Lotus, sua porta de entrada para a Fórmula 1.
Mansell chega à Fórmula 1
Foi então pela Lotus que Nigel Mansell começou sua trajetória pela F1 em 1980. Iniciando a temporada como piloto reserva, destacou-se pelas voltas rápidas nos testes, recebendo assim a oportunidade de estrear ainda naquela temporada, mais especificamente no GP da Áustria.
Em seu primeiro ano, no entanto, as atuações não surpreenderam. Foram três GPs disputados e nenhum ponto marcado, com direito a abandonos. Ainda assim, a equipe decidiu promove-lo a piloto titular para 1981, junto ao italiano Elio De Angelis.
Em sua primeira temporada completa, Mansell já alcançou seu primeiro pódio pela Fórmula 1, com o terceiro lugar no Grande Prêmio da Bélgica, disputado então no circuito de Zolder.
Em 1982, ele subiu ao pódio apenas uma vez, conquistando o terceiro lugar no Grande Prêmio do Brasil, disputado em Jacarepaguá. Ele manteve o nível e assegurou sua vaga no grid pela Lotus por mais duas temporadas.
A consolidação na Williams
Em 1985, o piloto britânico, já com 32 anos, opta por mudar de ares, sendo contratado assim pela Williams. Em seu primeiro ano pela escuderia britânica ele consegue sua tão almejada primeira vitória, no Grande Prêmio da Europa.
Permaneceu na Williams até 1988, por onde conquistou, ao todo, 13 vitórias. Em 1986, após uma acirrada disputa com seu companheiro de equipe Nelson Piquet, acabou vendo o francês Alain Prost faturar o título com a McLaren. Terminou aquela temporada como vice-campeão, mesmo resultado que obteve em 1987, ficando novamente atrás do brasileiro Piquet.
O ano de 1988 foi um dos piores para Mansell, pois a Williams não contou mais com os potentes motores Renault, atrapalhando o já experiente piloto de buscar o seu primeiro título mundial.
A passagem pela Ferrari
Em busca do tão sonhado título, Mansell muda-se então para a Ferrari em 1989, onde correu por duas temporadas. Ele estreou com uma vitória no Grande Prêmio do Brasil, utilizando o inovador câmbio no volante, desenvolvido pelo piloto de testes da Scuderia, o brasileiro Roberto Pupo Moreno.
No entanto, o piloto britânico venceu apenas outra prova naquele ano, o GP da Hungria, em Hungaroring. No ano seguinte, esteve no topo do pódio apenas no GP de Portugal, em Estoril.
O cinematográfico retorno à Williams
Em 1991, Nigel Mansell retorna à Williams. Nessa temporada, reencontrou-se com a competitividade e conquistou cinco vitórias, voltando assim a alcançar o vice-campeonato, após uma disputa épica com o brasileiro Ayrton Senna pelo título.
Foi então em 1992, já com 39 anos de idade, que o “Leão” conquistou enfim seu título mundial de Fórmula 1. Mansell venceu as cinco primeiras provas daquela temporada e mais quatro ao decorrer do ano, totalizando impressionantes 9 triunfos nas 16 corridas disputadas.
Logo após conquistar o tão desejado título, o britânico anunciou sua aposentadoria e foi substituído por Alain Prost na Williams em 1993. O francês viria assim se tornar campeão com o praticamente imbatível FW-15C.
A glória na Fórmula Indy
Apesar da idade e de passar tantos anos em busca do título na F1, Nigel Mansell não conseguiu se manter distante das pistas. Ele aceitou o desafio proposto pela Newman-Haas e assinou por duas temporadas para correr na IndyCar.
Se havia ainda quem duvidasse que o “Leão” tratava-se de um piloto diferenciado, mas que teve o “azar” de competir por tanto tempo com outras lendas da F1, isso ficou claro em sua passagem pela categoria americana.
Na Fórmula Indy, deixou seu cartão de visitas logo em sua estreia, vencendo o GP da Austrália. Mansell venceu outras quatro provas e sagrou-se campeão em sua primeira temporada. No ano seguinte, porém, não conseguiu repetir o feito e encerrou sua passagem pela Indy com um oitavo lugar na classificação geral.
O inesperado retorno à Fórmula 1
Mansell ainda retornaria à Fórmula 1 em 1994 pela mesma Williams, que havia perdido seu piloto número 1, Ayrton Senna, morto tragicamente no GP de Ímola. Na ocasião, porém, o britânico participou de três provas, substituindo David Coulthard, e acabou vencendo a última corrida do ano, o Grande Prêmio da Austrália.
Motivado pela vitória, o “Leão” aceitou o convite da McLaren para correr de forma integral temporada de 1995, mas enfrentou vários problemas de adaptação. Por fim, participou apenas de três provas, sem pontuar em nenhuma delas.
Nigel ainda considerou participar de mais uma temporada em 1997, desta vez pela Jordan. Mansell testou o carro ainda em 1996, em Barcelona, porém seu desempenho ficou aquém das expectativas. Isso levou Eddie Jordan a desistir do veterano, que já tinha 46 anos na época.
O legado do incansável Leão
Após a “decepção” na sua tentativa de retornar à F1, no entanto, Nigel Mansell não deixou de competir. Ele acumulou também passagens pelo turismo britânico, além de ser um dos nomes a participar da inusitada GP Masters, categoria de monopostos que reuniu diversos veteranos da categoria mãe.
Hoje com 70 anos, o eterno “Leão” da F1 é casado com Rosanne e reside em Jersey, junto com sua filha Chloe, além de seus dois filhos, Leo e Greg, que também são automobilistas.
Para a posteridade, fica o legado de um piloto que marcou época na Fórmula 1, destacando-se e brigando até o fim de forma impiedosa, em meio a nomes que, assim como ele, viriam a se tornar lendas não só da categoria, mas também do automobilismo mundial de forma geral.