A carreira bem-sucedida dos campeões mundiais nas pistas não é garantia de sucesso na Fórmula 1 fora do cockpit. Muito pelo contrário. Jackie Stewart, Emerson Fittipaldi e Alain Prost são claros exemplos de que a gestão das escuderias gera resultados desproporcionais ao êxito que o trio obteve ao volante.
Nesse sentido, a experiência dos campeões trouxe poucos triunfos e apenas dores-de-cabeça para o seleto grupo. Além das vitórias minguadas, os endividamentos causados pelas equipes foram outras consequências nada agradáveis.
Jack Brabham foi o único quem teve sucesso como dono de equipe de Fórmula 1
Mas há uma exceção à regra. Jack Brabham já era bicampeão da Fórmula 1, quando fundou a tradicional escuderia que levava seu sobrenome. Vitorioso nas temporadas de 1959 e 1960, o australiano criou a equipe Brabham Racing Organization em 1961, em parceria com o engenheiro e projetista Ron Tauranac.
Ao mesmo tempo, o piloto seguia em atividade na Fórmula 1. Jack Brabham defendeu a sua escuderia entre 1962 e 1968, conquistando o tricampeonato mundial em 1966. No ano seguinte, o neozelandês Denny Hulme celebraria a temporada de 1967 da F1, também pela Brabham. Posteriormente, dois dos três títulos de Nelson Piquet seria pela equipe australiana, nos anos de 1981 e 1983.
A Brabham disputou a Fórmula 1 por exatos 30 anos, entre 1962 e 1992. Logo após pendurar o capacete em 1970, venderia a equipe. Um dos novos donos seria Bernie Ecclestone. Dessa forma, a Brabham foi a única escuderia comandada por um ex-piloto que fez sucesso na principal categoria do automobilismo.
O sonho de Fittipaldi se tornaria pesadelo
Emerson Fittipaldi seria o primeiro brasileiro a ser campeão mundial de Fórmula 1, em 1972 e 1974, respectivamente, por Lotus e McLaren. O bicampeão deixaria esta última para uma aventura através de uma equipe de sua propriedade, a Copersucar-Fittipaldi, fundada em 1974 junto com seu irmão Wilson Fittipaldi Jr.
Mas o carro brasileiro, que disputou oito temporadas da Fórmula 1 entre 1975 e 1982, não conseguiu nenhuma vitória em 104 largadas que fez no campeonato. O máximo que a equipe Fittipaldi conseguiu foi um segundo lugar com Emerson no GP do Brasil de 1978, em Jacarepaguá. Inclusive, o sétimo lugar desta mesma temporada foi a melhor colocação que conseguiu no Mundial de Construtores.
Mesmo que o finlandês Keke Rosberg, futuro campeão mundial, tenha passado pela Fittipaldi, a escuderia encerrou suas atividades em 1982 sem deixar saudades. Para piorar, deixou uma dívida de sete milhões de dólares. Além disso, as seguidas críticas dos torcedores e da imprensa ao carro teriam como consequência o afastamento dos patrocinadores.
Stewart originou a Red Bull anos mais tarde
Já no ano de 1997, surgiriam duas equipes de campeões da Fórmula 1. Alain Prost e Jackie Stewart colocaram no circo suas respectivas escuderias, que levavam seus sobrenomes.
A Stewart Grand Prix foi fundada por Jackie Stewart, em parceria com seu filho Paul. A equipe do escocês tricampeão da Fórmula 1 em 1969, 1971 e 1973 disputou três temporadas do campeonato, entre 1997 e 1999.
Em todas, Rubens Barrichello estava no cockpit do monoposto da equipe. Entretanto, a única vitória da escuderia na Fórmula 1 foi do britânico Johnny Herbert, no GP da Europa de 1999, na última e melhor temporada da equipe. Aliás, na mesma corrida, Rubinho também integrou o pódio com o terceiro lugar.
Mesmo que a Stewart tenha conquistado o quarto lugar no Mundial de Construtores em 1999, seria vendida para a Ford, que a renomeou Jaguar Racing. As razões foram as dívidas acumuladas por Jackie Stewart, que se tornaria chefe da equipe Jaguar. Posteriormente, a Red Bull adquiriria a escuderia em 2004.
Equipe própria na Fórmula 1 quase arruinou Alain Prost
Já a Prost Grand Prix Racing Team competiu por cinco temporadas na Fórmula 1, entre 1997 e 2002. Tetracampeão nas temporadas de 1985, 1986, 1989 e 1993, Alain Prost conseguiu um bom desempenho com a escuderia no ano de estreia. Em 1997, o time francês se classificou em sexto lugar no Mundial de Construtores.
Logo após um início promissor, as temporadas seguintes seriam de queda livre da Prost. A escuderia não conseguiria vitórias na Fórmula 1, obtendo como melhor performance um segundo lugar de Olivier Panis, no GP da Espanha de 1997. Posteriormente, a equipe faria poucos pontos nos demais anos, com excesso de quebras e abandonos.
No fim de 2000, o ex-piloto Pedro Paulo Diniz, herdeiro do Grupo Pão de Açúcar, se associaria ao ex-piloto francês, visando a temporada 2001. Mas aquele que seria o último ano da equipe Prost revelaria mais uma série de resultados inexpressivos, agravados por problemas financeiros. Desse modo, a falência da escuderia foi decretada em 2002.