Álex Palou é a grande sensação da Fórmula Indy nesta temporada. Campeão em 2021, o espanhol está próximo do seu segundo título no campeonato. Então, seu talento faz com que rumores de um futuro e eventual aproveitamento do piloto da Chip Ganassi na Fórmula 1 sejam inevitáveis.
Mesmo que o norte-americano Josef Newgarden (Penske) tenha triunfado nas duas provas da rodada dupla de Iowa, Palou mantém uma distância confortável na liderança na Fórmula Indy. Além de fazer sucesso pelos circuitos ovais e de rua dos Estados Unidos, o espanhol de 26 anos também é piloto de testes da McLaren.
Palou e O’Ward costumam aparecer em testes da McLaren na Fórmula 1
Terceiro piloto da tradicional escuderia britânica na Fórmula 1, Álex Palou realizou testes com um modelo da McLaren de 2021 MCL35M em junho, em sessões no circuito de Hungaroring, na Hungria. Então, guiou o carro por 87 voltas numa pista parcialmente molhada. O automóvel foi utilizado por Lando Norris e Daniel Ricciardo na temporada de dois anos atrás da F1.
Anteriormente, Álex Palou havia participado de treinos livres com a McLaren no ano passado em vários circuitos, como em Austin (Estados Unidos), Barcelona (Espanha) e Red Bull Ring (Áustria). Além do modelo MCL35M, também dirigiu um MCL36 na sessão do Texas.
Dos nomes de expressão da Fórmula Indy, Álex Palou é apenas um exemplo mais recente entre os pilotos que testaram um carro de Fórmula 1.
Além do espanhol, entre os competidores atuais da Indy, o mexicano Pato O’Ward (Arrow McLaren) também correu com o MCL35M em algumas sessões em que Palou esteve presente, como na Espanha e na Áustria. Em dezembro de 2021, O’Ward guiou a McLaren no circuito de Yas Marina, em Abu Dhabi, numa sessão para pilotos novatos.
Al Unser Jr pilotou a Williams que consagraria Mansell, mas sem os recursos eletrônicos
Outras lendas do tradicional campeonato norte-americano também já participaram de experiências semelhantes na principal categoria do automobilismo. As histórias foram lembradas pelo jornalista Fred Sabino, em seu hoje extinto blog F1 Memória, no ge.globo.
Al Unser Jr foi uma das lendas que por pouco não mudou de modalidade. Bicampeão da Fórmula Indy e duas vencedor das 500 Milhas de Indianápolis, pilotou uma Williams no circuito de Estoril, em Portugal, no ano de 1991.
Convidado por Frank Williams, Al Unser Jr guiou uma versão simplificada do Williams FW14B. O modelo é um dos mais famosos da história da Fórmula 1. Chamado de “carro de outro planeta”, foi determinante para garantir com facilidade o único título de Nigel Mansell na competição, em 1992.
Entretanto, Al Unser Jr dirigiu um carro sem os recursos tecnológicos que consagrariam o Leão. Afinal, o modelo possuía um câmbio semiautomático, sem a suspensão ativa e o controle de tração que fariam aquela Williams se tornar invencível.
Na sessão em Estoril, o bicampeão da Fórmula Indy marcaria o quinto melhor tempo. Assim, o norte-americano foi três segundos inferior a Damon Hill, então piloto de testes da Williams. Na ocasião, o então futuro campeão da Fórmula 1 em 1996 guiou um modelo com os aparatos eletrônicos que consagrariam Nigel Mansell.
Al Unser Jr considerou a Williams mais leve com relação ao modelo da equipe Galles que pilotava na Fórmula Indy. Além disso, o carro da equipe britânica de Fórmula 1 tinha uma pressão aerodinâmica maior, o que garantia mais estabilidade e aderência, com “mais borracha no chão”.
É o carro de corrida de mais alto desempenho que já pilotei.
Al Unser Jr, sobre a Williams
Mas o norte-americano não receberia sua chance na Fórmula 1 depois da sessão de 1991 em Portugal. No ano seguinte, Frank Williams teria Nigel Mansell e Ricardo Patrese como pilotos da equipe.
A tentativa de Briatore de agenciar Paul Tracy
Outro nome de expressão da Fórmula Indy a guiar um F1 foi Paul Tracy. Campeão em 2003, o canadense teve a chance de dirigir uma Benetton, com a qual Michael Schumacher conquistaria seus dois primeiros títulos. A sessão de testes também ocorreu no circuito de Estoril, em setembro de 1994.
Então na Penske, Paul Tracy foi convidado a testar o modelo Benetton B194, ao aparecer para assistir ao GP de Portugal daquela temporada. Conforme o jornalista Fred Sabino, a intenção de Bernie Ecclestone era seduzir os nomes promissores da Fórmula Indy, já que, na época, a categoria estava no auge da popularidade.
Nesse sentido, o chefe da Benetton, Flavio Briatore, tentou fazer com que Paul Tracy assinasse um contrato para ser agenciado pelo dirigente.
Liguei para ele (Briatore) e disse que não assinaria o acordo de gestão. Ele disse: ‘Então você não entra no carro’. Não sabia o que fazer, então liguei para Bernie. Ele disse: “Espere um momento”, e eu o ouço pegar Flavio no outro telefone e dizer: ‘Coloque-o no carro’. Vinte minutos depois, eu estava no carro.
Paul Tracy, antes da sessão com a Benetton em Estoril
O teste de Paul Tracy na Benetton aconteceu dois dias depois do GP de Portugal vencido por Damon Hill, que não contou com Michael Schumacher, que cumpriu uma suspensão. Na corrida, Jos Verstappen e J. J. Lehto representaram a equipe italiana em Estoril. O piloto alemão participaria da sessão de treinos livres, juntamente com o canadense.
Assim, a melhor marca de Tracy foi três segundos mais lenta do que a de Schumacher. Dessa forma, o piloto da Indy ficou um décimo abaixo a Lehto no treino oficial, o que daria ao canadense a 14ª colocação no grid, na primeira vez em que guiou um Fórmula 1.
Contudo, Paul Tracy não teria sequência na principal categoria do automobilismo, pois não ficou satisfeito com a proposta da Benetton. Afinal, a equipe ofereceu três anos de contrato para testes e sem a garantia de que correria na Fórmula 1 como piloto titular. Desse modo, o canadense seguiu na Indy.