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Lucas Moraes fala em “obsessão” para vencer o Rali Dakar

Piloto da TOYOTA GAZOO Racing teve mais um desempenho de destaque no principal rali off-road do mundo

Lucas Moraes durante participação no Rali Dakar
Lucas Moraes durante participação no Rali Dakar (Flavien Duhamel / Red Bull Content Pool)

Entre os dias 5 e 19 de janeiro aconteceu o Rali Dakar, tradicional competição da categoria, com 12 representantes do Brasil. Um dos destaques foi Lucas Moraes, novo contratado da TOYOTA GAZOO Racing, uma das principais equipes.

O piloto teve um grande desempenho ao longo da competição, com direito a vencer uma das etapas, sendo o primeiro brasileiro a conquistar tal feito.

Porém uma quebra de suspensão no penúltimo dia, quando já estava na vice-liderança, tirou a chance de Lucas chegar ao pódio pelo segundo ano consecutivo.

Em coletiva de imprensa realizada na cidade de São Paulo nesta terça-feira (23), o piloto falou sobre sua vontade de vencer uma das principais corridas do automobilismo mundial.

“Dakar para mim virou quase uma obsessão. Estar tão perto de um bom resultado esse ano, olhando para tudo que conseguimos fazer e com a experiência, com certeza me fez evoluir muito como piloto e o desejo de conquistar.

Quero poder olhar daqui um ano e voltar. Fazendo uma analogia é quase um ciclo olímpico, mas ainda bem que Dakar tem ano de novo”, declarou.

Lucas Moraes fazendo história

Como citado, a vitória no especial representou uma marca inédita para o Brasil no Dakar, algo que o piloto também comentou.

“Foi um momento muito incrível estar mais uma vez no Dakar, numa equipe muito competitiva, ter ganho a primeira especial para o Brasil na categoria carros, ganhamos por nove segundos.

É uma categoria muito disputada, mas foi uma emoção muito grande, assim como tive a emoção de cruzar a linha do ano passado e chegar no pódio. No Dakar é legal porque quando você cruza a linha de chegada já vê o tempo. Foi fantástico.”

Outro ponto citado por Lucas Moraes foi a evolução de 2023 para 2024 em relação ao seu desempenho no Dakar.

“Ano passado eu senti que fiz um pódio, claro que foi excelente, mas faltava velocidade para disputar com o primeiro lugar ou vice. Esse ano senti que em termos de velocidade andamos mais próximos do top5. Isso me deu uma confiança muito grande de saber que podemos disputar em condições iguais um lugar de destaque lá na frente.

Eu diria que esse ano eu fiquei muito feliz pelo ritmo que conseguimos colocar em todas as especiais. Se você tira os problemas de náuseas e o resgate do Max e do Clebinho estaríamos no último com 28 minutos da liderança da prova, que não é muita coisa no Dakar, ao contrário de uma hora do ano passado. Foi um momento muito importante e acho que ano que vem dá para lutar novamente”.

Confira abaixo outros trechos da coletiva de Lucas Moraes

Convite da nova equipe

“Quando recebi a ligação da TOYOTA o Nasser era o piloto número 1. Lá para outubro recebi a ligação, substituir o Nasser era impossível, melhor de todos os tempos, mas sabia que era um programa vencedor, uma das melhores equipes”.

Mudança na preparação para o Dakar

“O que houve de diferença foi a preparação. Em uma equipe de fábrica foi muito diferente do que fiz no Dakar em 2023. Participei de uma corrida na Arábia Saudita muito similar ao que já enfrentei no Dakar. Depois fui para Namíbia, um lugar específico só para testes da Toyota, ficamos uma semana só testando tudo que vocês imaginam.

A preparação foi muito importante para chegar mais acostumado com o novo carro, mas claro que é uma responsabilidade você representar uma marca icônica como a Toyota no maior evento off-road que existe no mundo.

Mas ao mesmo tempo eu pensava, estamos aqui para dar o melhor. Se você não consegue lidar a pressão fica difícil. Tem que acostumar-se com isso, tem que lidar e usei isso para ser uma força para entregar bons resultados”.

Ser o principal piloto da equipe

“Existe uma competição interna e para ter essa posição (de destaque na equipe) eu tinha que performar, é o resultado que fala. Demos sorte de entregar os resultados logo na primeira semana”

Problema com carro

“Foi uma mistura de emoções muito grande. Quando tive o problema com a suspensão nem passou tristeza. Achei até que ia conseguir sair com ajuda do meu companheiro de equipe e chegar a um top3, top4 depois que termina a especial.

A gente sabe que o carro esteve perfeito em 11 etapas, em 8 mil quilômetros, no deserto, exigindo o máximo, são coisas que acontecem. Semana que vem vamos ter uma reunião com a equipe, entender o que aconteceu, se tive algum impacto antes que pode ter prejudicado a suspensão, mas temos que virar a página. E o carro mais confiável do grid, do top10 seis são Toyota, mostra o quanto o carro é bom”.

Desempenho na edição 2024

“Se alguém me falasse que no segundo ano do Dakar eu estaria no top10 eu ficaria muito feliz. Sabemos que especialmente na categoria carros do Dakar você está com os melhores pilotos do mundo, na competição mais difícil do mundo”.

Dificuldades na preparação

“No Brasil, por não ter a condição de deserto é uma adaptação muito grande, tudo muito novo. Tem que tomar riscos que normalmente você não toma em outras provas para seguir com esses caras.

Em 2023 uma coisa que me ajudou foi correr de UTV no Brasil, fiz praticamente todo o Campeonato Brasileiro com um carro parecido do Dakar. Me manter ativo foi bem importante. Depois que entrei no programa da Toyota fiz diversos testes no deserto.

Você fica horas no carro e precisa manter seu foco. Fazemos treinos específicos e eu tento criar gatilhos dentro do carro para continuar focado.

Na parte física em si o que pega muito, que às vezes as pessoas não entendem, é que dentro de um carro parece que você está brigando com Mike Tyson. É tanta pancada para andar rápido, salta, freia, sobe e desce dunas. Toda parte de ombro, costas e pescoço, você termina destruído. Fazemos um trabalho de preparação física para pode aguentar.

Tem uma máxima que o carro aguenta, que não aguenta é você. Andar rápido no deserto dói”

Importância do navegador

Quando estamos falando desse nível de navegador, são de altíssimo nível, a adaptação foi até que razoavelmente boa. Como fizemos uma corrida antes do Dakar, foi importante para afinar a comunicação dentro do carro, porque temos um dialeto ali dentro do carro para eu entender rápido.

Flavio Souza

Escrito por Flavio Souza

Formado em Gestão de TI e cursando Jornalismo.

Escrevo sobre esportes a motor desde 2021, falando sobre Fórmula E, Endurance entre outras modalidades, com participações presenciais e virtuais em eventos, entrevistas e competições do automobilismo.

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