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Ayrton Senna confirmou seus três títulos no GP do Japão; relembre suas corridas em Suzuka

Etapa deste fim de semana da Fórmula 1 é icônica por ter sido o palco de todas as conquistas do inesquecível Ayrton Senna da Silva

Ayrton Senna da Silva

Netflix apresenta seriado sobre a carreira de Ayrton Senna (Divulgação/ Twitter Fórmula 1)

Todo Grande Prêmio do Japão atrai aquela memória afetiva para os torcedores brasileiros com mais de 35 anos, que tiveram o privilégio de assistir Ayrton Senna da Silva em ação. No icônico circuito de Suzuka, a lenda do esporte confirmou seus três títulos mundiais.

Tradicionalmente a penúltima prova da temporada naquela época, o GP do Japão decretou o tricampeonato de Ayrton Senna em 1988, 1990 e 1991 com uma rodada de antecedência. Posteriormente, a etapa na Austrália sempre encerrava o campeonato de Fórmula 1.

Suzuka passou a ser a sede do GP do Japão a partir de 1987, com Gerhard Berger sendo o vencedor da prova naquele ano e Ayrton Senna encerrando em segundo ainda defendendo a Lotus.

Ayrton Senna superou péssima largada para conquistar vitória inesquecível

Mas no ano seguinte, o brasileiro marcaria para sempre seu nome no desporto do país. Numa jornada memorável, o saudoso piloto brasileiro seria campeão mundial de Fórmula 1 pela primeira vez numa de suas mais épicas vitórias. Os torcedores que madrugaram para assistir à corrida se assustaram ao ver o carro de Ayrton Senna travado na largada.

Com uma falha no motor, a McLaren do brasileiro ficou parada na posição de pole position do grid. Maior concorrente na luta pelo título, seu parceiro de equipe Alain Prost disparou a liderança. O piloto precisou realizar uma corrida de recuperação, ao cair da primeira para a 17ª colocação. “Foi uma mistura de erro meu com uma sensibilidade excessiva da embreagem”, declarou Senna logo após a prova.

Ainda na primeira volta, o brasileiro já estava em oitavo. Rapidamente, com o grande desempenho de sua McLaren, alcançaria o quarto lugar na volta 4. A vice-liderança viria na 20ª volta.

A histórica ultrapassagem em Alain Prost na reta viria na volta de número 28, na altura da saída dos boxes. Ayrton Senna não perderia mais a vitória, celebrando assim seu primeiro título na Fórmula 1.

Polêmica desclassificação de Ayrton Senna em 1989

No ano seguinte, Senna e Prost igualmente brigavam pelo título, com vantagem de 16 pontos a favor do francês. Para seguir com chances de título, o brasileiro da McLaren precisava da vitória em Suzuka. Mesmo obtendo a pole position, perderia a liderança para Prost na largada.

Ayrton Senna se aproximou do arquirrival e, na tentativa de ultrapassagem na volta 47, o francês atingiria o carro do brasileiro. Logo após a colisão, Prost se dirigiu ao box. Precisando da vitória, Senna pediu ajuda aos fiscais de pista para retornar à corrida. Entretanto, não contornou a chicane depois do acidente, voltando por uma área de escape, o que era proibido pelo regulamento.

Senna conseguiria cruzar a linha de chegada em primeiro lugar. Contudo, foi desclassificado pelos comissários, que decretaram a vitória do italiano Alessandro Nannini. A decisão deu a Alain Prost o seu terceiro título da Fórmula 1, para a alegria do polêmico presidente da FIA e da extinta FISA, o francês e compatriota Jean-Marie Balestre.

Lado sujo da pista motivou batida

Senna nunca digeriu a desqualificação no GP do Japão de 1989. No circuito de Suzuka no ano seguinte, mais uma vez o brasileiro foi pole e era o único quem podia ser campeão na Ásia, caso Prost, agora na Ferrari, não pontuasse.

Mas por sugestão de Balestre, as posições do grid para a corrida em Suzuka em 1990 foram invertidas. Prost, na primeira fila junto com o brasileiro, seria mais favorecido na largada.

Senna arrancaria da parte interna da reta dos boxes, onde o asfalto estava prejudicado por detritos. Ou seja, mais sujo. Alain Prost pegaria uma pista mais limpa em sua largada.

Como retaliação, a nova disputa tão aguardada entre Senna e Prost duraria somente nove segundos e 300 metros percorridos. Com a largada melhor do francês aproveitando o lado mais favorecido, o brasileiro retribuiu a colisão do ano anterior ao atingir o rival na primeira curva de Suzuka. Fim de prova para ambos e Senna bicampeão mundial.

O acidente proporcionaria uma improvável dobradinha brasileira, a última do país na Fórmula 1. Nelson Piquet foi o vencedor da corrida, com seu parceiro de Benetton, Roberto Pupo Moreno, em segundo lugar.

Troca de posições com Berger

O tricampeonato viria mais uma vez em Suzuka, em 1991. Com uma vantagem mais confortável com relação aos concorrentes, Ayrton Senna largaria em segundo. Seu companheiro de McLaren, Gerhard Berger, foi o pole.

Concorrente de Senna pelo título, Nigel Mansell abandonaria o GP do Japão de 1991 na décima volta. Berger foi ultrapassado pelo brasileiro na volta 18, por conta de desgaste dos pneus e um problema de escapamento do carro do austríaco.

Era para ser mais uma vitória tranquila de Ayrton Senna. Entretanto, uma ordem do chefe da McLaren, Ron Dennis, faria com que o brasileiro cedesse a primeira colocação para Berger na última volta. “Eu sabia, eu sabia”, gritava Galvão Bueno, na transmissão da Globo. Obcecado pela vitória, Senna cedeu o triunfo ao amigo austríaco a contragosto.

Briga com Eddie Irvine

Nas duas últimas corridas de Ayrton Senna em Suzuka, o piloto da McLaren abandonaria na segunda volta em 1992 por problemas de motor. No ano seguinte, venceria pela penúltima vez na carreira, numa prova em que ficou marcada por um desentendimento com o então novato Eddie Irvine.

Estreante na Fórmula 1 naquele GP do Japão de 1993, o britânico acabaria sendo agredido por um soco por Senna, que acusou o britânico de dificultar sua ultrapassagem, já que era retardatário. Seria um dos poucos encontros entre ambos.

Escrito por Marco Andrews Felgueiras Maciel

Jornalista formado pela PUCRS em 2007 e pós-graduado em Imprensa Esportiva e Assessoria de Comunicação pela Universidade Castelo Branco. Atuei na web-rádio Voz do Futebol e escrevo para o Torcedores.com desde 2022, além de colaborar para o site Nas Pistas a partir de 2023. Também edito o SAMBARIO, voltado para carnaval e sambas-enredo, desde 2004. No canal do YouTube do portal (@sambariosite), entrevistamos mais de uma centena de personalidades do samba e do carnaval nos tempos da pandemia. Ainda fui redator e assessor de imprensa da ALAP (Associação Latino-Americana de Publicidade).

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