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Ayrton Senna: o legado de um ícone da Fórmula 1

Ayrton Senna
Ayrton Senna, o maior piloto da história do automobilismo brasileiro (crédito: Divulgação)

Um jovem da Zona Norte de São Paulo, corintiano e carismático, seria, no final da década de 1980 e começo da 1990, o grande ídolo esportivo brasileiro. Naquela época era comum, em tempos de alta inflação e muito desemprego, ou seja, de uma vida difícil para a grande maioria da população, acordar cedo no domingo para assistir uma corrida de Fórmula 1 e acompanhar o maior piloto brasileiro da história: Ayrton Senna.

Ir à corrida em Interlagos então era algo precioso. Presenciar a corrida de Fórmula 1 no autódromo de São Paulo naquela época era como ir ao Pacaembu assistir o Santos de Pelé enfrentar o Corinthians Rivelino ou o Palmeiras de Ademir da Guia: era uma delícia, um espetáculo, principalmente se chovesse.

Mas quem foi Ayrton Senna? No panteão das lendas da Fórmula 1 seu nome permanece incomparável. A aura de habilidade, paixão e melancolia projetada por sua história se destaca no mundo das corridas. Porém, Ayrton Senna não foi apenas um atleta de altíssimo rendimento. Durante sua vida, ele garantiu seu nome nas páginas da história do esporte e também suas habilidades e conquistas inspiraram gerações de pessoas em todo o mundo após sua morte.

Ayrton Senna da Silva nasceu em São Paulo em 21 de março de 1960. Seu talento natural aliado à determinação ficou evidente desde cedo. Sua jornada ao mais alto nível da Fórmula 1 começou com o kart.

Seu desempenho era sempre tão impressionante que Senna chegou ao auge do automobilismo de maneira meteórica. Ele estreou na Fórmula 1 em 1984 pela Toleman, já tendo conquistado inúmeros campeonatos em outras categorias do automobilismo. Mesmo em um carro de baixa potência, o brilho de Senna no asfalto molhado em dias de corrida na chuva foi notável. Um desses exemplos é o Grande Prêmio de Mônaco de 1984. A magia de Senna foi verdadeiramente replicada na Lotus e depois na McLaren como o prodígio de destaque da F1.

Sua rivalidade com Alain Prost era lendária, definindo uma época de intensa competitividade e espetáculos esportivos. O estilo de Senna, rápido e agressivo, o levou ao mais alto nível de desempenho possível, fez com que ele sempre dominasse na pista. Seus três campeonatos mundiais em 1988, 1990 e 1991 são uma prova disso.

Sua morte em Ímola, em 1994, simplesmente parou o Brasil e o mundo. Senna morreu em acidente que foi acompanhado ao vivo por milhões de fãs. Aquela tragédia chocou a todos. Quando o corpo do piloto chegou ao Brasil, milhões de pessoas acompanharam o cortejo. Mais de 2 mil jornalistas se credenciaram para cobrir o velório do maior piloto da história do Brasil. A comoção era total. O país chorava a morte de seu maior ídolo.

Cerca de dois milhões de pessoas participaram do cortejo entre o aeroporto de Gurarulhos e o prédio da Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP) e depois no trajeto até o Cemitério do Morumbi.

Essa comoção no Brasil ocorria em um momento em que o país do futebol amargava seguidas derrotas em Copas do Mundo de futebol. Senna era sinônimo de vitória em um tempo marcado por derrotas para os brasileiros. Isto é sublinhado pelos seus três Campeonatos Mundiais em 1988, 1990, 1991 e 41 vitórias em Grandes Prêmios.

Ayrton Senna também era famoso por suas pole positions, voltas rápidas e ultrapassagens ousadas. Mas Senna era muito mais do que apontam as estatísticas. Uma das qualidades mais notáveis ​​de Ayrton era seu carisma. Ele foi capaz de inspirar o público com sua extraordinária abordagem às corridas. O brasileiro era igualmente apaixonado por corridas e por seu trabalho ajudando a melhorar a segurança na modalidade.

Senna morreu em um acidente no Grande Prêmio de San Marino, em Ímola, na Itália, em 1994. Em razão de sua trágica morte, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) foi obrigada a melhorar a segurança dos pilotos e dos circuitos.

Hoje, o Instituto Ayrton Senna, comandado por sua irmã Viviane Senna, dá continuidade ao trabalho de Ayrton por meio de vias filantrópicas apoiando projetos educacionais e sociais no Brasil.

Renato Roschel

Escrito por Renato Roschel

Editor-chefe do Nas Pistas. Há mais de 30 anos com trabalhos nas áreas de jornalismo e produção de conteúdo. Já colaborou para jornais como Folha de S. Paulo e Valor Econômico. Foi correspondente da Rádio Eldorado em Londres, editor da Revista Osesp e é tradutor, revisor, organizador e autor de diversos livros, entre eles, Literatura Livre: ensaios sobre ficções que formaram o Brasil, obra publicada pelo Sesc em 2022.

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