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História da Fórmula 1: os primeiros anos

Década de 1950 foi marcada pelo domínio do argentino Juan Manuel Fangio na categoria

Ayrton Senna e Juan Manuel Fangio
Senna e Juan Manuel Fangio, os dois maiores pilotos latino-americanos da história Fórmula 1 (Divulgação/ Instituto Ayrton Senna)

A Fórmula 1 é um produto do pós-guerra. A categoria surgiu oficialmente em 1950 com o propósito de reunir todos os GPs disputados na Europa.

Entre as principais corridas estavam Silverstone, Mônaco e Spa-Francorchamps. A decisão do nome da categoria surgiu em razão das normas para participar da mesma. Os organizadores queriam que todos os integrantes da categoria seguissem a mesma “fórmula” para construir seus veículos. 

Portanto, todos deveriam ter motores, cilindragem, tamanho e peso iguais, ou feitos seguindo as mesmas regras.

Depois que todo regulamento foi elaborado e as equipes de engenheiros e mecânicos puderam também definir até onde eles poderiam ser “diferentes” de seus competidores, veio a primeira corrida.

Fórmula 1: Silverstone, o primeiro GP

Assim, em 13 de maio de 1950, a Fórmula 1 teve seu primeiro Grande Prêmio na pista de Silverstone, no Reino Unido. 

O carro da equipe Alfa Romeo, pilotado por Giuseppe “Nino” Farina, venceu a popular corrida. Entre as pessoas que assistiram ao Grande Prêmio de Silverstone estavam o Rei George VI e a Rainha Elizabeth II.

A prova em Silverstone foi um sucesso total. Mais de 100 mil pessoas participaram do evento.

Segundo relatos da época, “o barulho e a fumaça surpreenderam a Rainha Elizabeth”. A família real britânica também ficou muito impressionada com a quantidade de pessoas que participaram do evento. 

A prova durou pouco mais de duas horas. No total, foram 70 voltas. Nino Farina, com seu Alfa Romeo 158s, carro que ficou conhecido como “Alfetta”, dominou a competição. 

Equipe de mecânicos do Reino Unido reconstrói e testa a mítica Alfetta; veja vídeo

Ao final, o pódio foi formado por Nino Farina em primeiro; Luigi Fagioli, em segundo; e Juan Manuel Fangio, em terceiro. Todos eles da equipe Alfa Romeo. 

Também participaram do GP de Silverstone em 1950 as equipes Maserati, Talbot-Lago-Talbot, ERA e Alta.

O rei George, ao recordar do dia da corrida em Silverstone, afirmou não ter visto nada parecido em sua vida. Segundo ele, “a atmosfera era fantástica. As pessoas vieram com suas vans antigas e construíram uma plataforma no topo. Foi maravilhoso”.

Fangio, Fagioli e Farina

A temporada de 1950 teve 7 GPs mais as 500 milhas de Indianápolis, que representava a terceira etapa do campeonato — atualmente, a Fórmula 1 tem apenas duas etapas: primeiro e segundo semestre com uma pausa para as férias de verão.

As sete corridas no continente europeu foram os GPs de Silverstone, Mônaco, Suíça, Bélgica, França e Itália. 

Farina foi o campeão daquele ano. Em segundo lugar ficou Juan Manuel Fangio, e, em terceiro, Luigi Fagioli. Assim, a equipe Alfa Romeo dominou a categoria em seu primeiro ano de existência.

Fórmula 1, temporada 1951: Ferrari x Alfa Romeo

Em 1951, a Ferrari começou o ano sem fazer frente à Alfa Romeo, porém, foi na segunda metade da temporada, a scuderia começou a mostrar sua força.

Aproveitando que a Alfetta tinha, em média, de fazer pelos menos duas paradas nos boxes para encher o tanque, a Ferrari, com argentino José Froilán Gonzáles, o “touro dos Pampas”, conseguiu vencer em Silverstone em 1951.

  • A Alfetta era uma joia da engenharia automobilística que existia antes Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Construída pela primeira vez 1938, ela tinha transmissão manual de quatro marchas, motor oito cilindros, um compressor de estágio único e um carburador de corpo triplo
  • Sua velocidade e agilidade nas pistas era resultado do trabalho de Gioacchino Colombo — que trabalhou com Enzo Ferrari na Alfa Romeo e depois na Ferrari, onde ajudou a criar o V12
  • A Alfetta de Colombo também tinha um motor com aceleração instantânea, o que era uma verdadeira quebra de paradigma à época e a levou a dominar o mundo do automobilismo no pós-guerra

Apesar de toda a qualidade mecânica da Alfetta, a luta era dura. A temporada foi decidida no último GP, o da Espanha. Nesta prova, a scuderia Ferrari errou na escolha dos pneus, acabou vencida por outro argentino, o mítico Juan Manuel Fangio.

Ferrari, Maserati e Mercedes dominam após saída da Alfa Romeo da Fórmula 1 em 1952

Em 1952, após a saída da Alfa Romeo da Fórmula 1, a Ferrari passou a dominar a categoria. A equipe conquistou quatro campeonatos e quatro vice-campeonatos na década de 1950.

Nos anos seguintes ao final da guerra, a Fórmula 1 teve sequências de vitórias da Ferrari (1952, 1953, 1956 e 1958), Mercedes (1954 e 1955) e a Maserati (1954 e 1957). Porém, todos esses títulos tiveram a presença do mesmo piloto: Juan Manuel Fangio.

O argentino venceu o campeonato mundial de Fórmula 1 em 1951, 1954, 1955, 1956 e 1957.

Além da mitológica Alfetta, esse período também foi dominado por carros como a Ferrari 500, a Maserati 250F e a Mercedes W196. Todas elas máquinas que marcaram a década de 1950, a primeira era de ouro dos motores italianos e alemães.

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Renato Roschel

Escrito por Renato Roschel

Editor-chefe do Nas Pistas. Há mais de 30 anos com trabalhos nas áreas de jornalismo e produção de conteúdo. Já colaborou para jornais como Folha de S. Paulo e Valor Econômico. Foi correspondente da Rádio Eldorado em Londres, editor da Revista Osesp e é tradutor, revisor, organizador e autor de diversos livros, entre eles, Literatura Livre: ensaios sobre ficções que formaram o Brasil, obra publicada pelo Sesc em 2022.

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