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Niki Lauda: relembre história do tricampeão de Fórmula 1, marcada por terrível acidente

Lenda do automobilismo, austríaco se tornou um dos maiores símbolos de superação no esporte

Niki Lauda, Fórmula 1
Niki Lauda, tricampeão de Fórmula 1 (Reprodução / X - Ferrari)

Niki Lauda, um dos pilotos mais lendários da história da Fórmula 1, terá seu nome eternamente marcado na história do automobilismo. O austríaco foi tricampeão mundial da categoria.

Além de suas vitórias, um acidente enquanto corria em 1974 ocasionou um legado de superação impressionante deixado por sua inspiradora história.

O Naspistas traz então mais detalhes sobre a vida e a trajetória pelo automobilismo de Niki Lauda, campeão de F1 em 1975, 1977 e 1984.

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O nascimento de uma lenda

Natural da cidade de Viena, nascido no dia 22 de fevereiro de 1949, Andreas Nikolaus Lauda iniciou sua carreira no automobilismo em 1968, ainda com 19 anos. Ele destacou-se assim na Fórmula 3 e na Fórmula 2, mas não chegou a ser convidado para competir por uma equipe da categoria mãe.

Dessa forma, o austríaco optou por utilizar uma verba pessoal para pular etapas e comprar sua vaga na então pequena equipe March. Ele ingressou assim na Fórmula 1 na temporada de 1971, estreando em casa pelo Grande Prêmio da Áustria, aos 22 anos.

Lauda permaneceu na March em 1972, mas só marcou seus primeiros pontos no ano seguinte, quando já corria pela BRM. Na ocasião, ele conquistou um quinto lugar no Grande Prêmio da Bélgica, realizado no circuito de Zolder.

A primeira vitória veio enfim em 1974, seu ano de estreia na Ferrari, durante a quarta prova da temporada, o Grande Prêmio da Espanha. Nesse ano, Lauda terminou o campeonato na quarta colocação, enquanto o título ficou com o brasileiro Emerson Fittipaldi.

O primeiro título de Niki Lauda

Em 1975, aos 26 anos, Lauda conquistou seu primeiro título mundial pela Fórmula 1, ainda pela Ferrari. Naquela temporada, ele alcançou então cinco vitórias: Mônaco, Bélgica, Suécia, França e Estados Unidos.

O agora consolidado piloto começou a temporada de 1976 com mais duas vitórias pela escuderia (Brasil e África do Sul), além de conquistar mais três triunfos (Bélgica, Mônaco e Inglaterra) antes do acidente que mudaria não só o rumo da temporada, mas também o de sua vida.

Niki Lauda, GP da Inglaterra de Fórmula 1975
Niki Lauda no GP da Inglaterra de 1975 (Reprodução / Wikipédia)

O acidente na Alemanha

Brigando pelo título com seu maior rival, James Hunt, Lauda tentou, sem sucesso, liderar um boicote entre os pilotos ao Grande Prêmio da Alemanha, devido aos riscos que rodeavam a pista do Circuito de Nürburgring pelas fortes chuvas daquele fim de semana.

Apesar de suas preocupações, o austríaco entregava o bom desempenho de sempre com sua Ferrari 312T2. Após um pit stop para troca de pneus, Lauda fazia uma excelente corrida de recuperação quando a suspensão de seu carro quebrou, lançando o austríaco contra o guard-rail à direita do traçado. Logo após o impacto, o veículo voltou para a pista em chamas e foi atingido por mais dois carros que vinham logo atrás.

Apenas após várias tentativas da equipe responsável pela segurança da prova foi que Lauda foi finalmente retirado de seu cockpit. Após o resgate, ele foi imediatamente levado ao hospital.

No vídeo abaixo, disponível no YouTube, não é mostrado o momento exato das colisões devido às diretrizes da comunidade. No entanto, é possível observar os momentos que antecederam o acidente e o dramático resgate de Lauda.

ATENÇÃO: IMAGENS FORTES!

A rápida recuperação de Lauda

Lauda sofreu queimaduras graves por todo o corpo e inalou fumaça tóxica, além de ter sofrido várias contusões no peito e queimaduras graves na cabeça. Ele também perdeu parte da orelha direita e chegou a ser colocado em coma induzido.

Surpreendentemente, no entanto, cerca de seis semanas após o terrível acidente em Nürburgring, Lauda retornava à Fórmula 1 para o GP de Monza, na Itália. Apesar da sua enorme demonstração de superação, o acidente em Nurburgring foi decisivo e, na ausência do atual campeão, Hunt aproveitou para reduzir a diferença no campeonato.

Antes da última prova daquela temporada, no Japão, Niki ainda era líder, mas precisava terminar à frente de seu rival britânico para confirmar seu título. A largada da prova, porém, foi adiada por mais de duas horas devido à chuva torrencial que caía no Japão. Por conta do interesse dos patrocinadores, os pilotos entraram em seus carros e partiram para a corrida.

Lauda, cauteloso, permitiu que vários competidores o ultrapassassem antes de estacionar sua Ferrari nos boxes. A Scuderia justificou, em comunicado pós prova, que o seu piloto abandonou por “problemas mecânicos”. No entanto, Lauda rebateu posteriormente, alegando outro motivo mais pessoal: “A Ferrari me paga para correr, não para me jogar pela janela“.

Por fim, James Hunt conseguiu os pontos necessários conquistou merecidamente seu único título mundial de Fórmula 1 naquele dia. A decisão de Lauda, porém, foi importante para gerar debates necessários sobre a segurança dos pilotos no automobilismo.

Mais um título mundial pra conta

O fato de conseguir retornar à F1 já foi um feito surpreendente, mas Niki Lauda ainda conseguiu fazer isto em alto nível. Após ser taxado por alguns tifosi como “covarde”, devido ao abandono no Japão, Lauda permaneceu na Ferrari e “calou” seus críticos com seu bicampeonato mundial já em 1977, ao alcançar três vitórias.

O austríaco transferiu-se para a Brabham em 1978, onde terminou a temporada em quarto lugar. No final de 1979, após um desempenho abaixo de seu potencial, Lauda anunciou que deixaria à F1, encerrando o ano na 14ª posição.

O retorno à Fórmula 1

Lauda recebeu uma proposta milionária da McLaren para voltar às pistas em 1982. Após duas corridas de readaptação, ele venceu o Grande Prêmio do Oeste, em Long Beach, e o Grande Prêmio da Grã-Bretanha, em Brands Hatch. Em seu retorno, o austríaco terminou a temporada na 5ª posição do Mundial de Pilotos.

O tricampeonato e o fim da carreira de Lauda

Para o ano de 1984 a McLaren dispensou John Watson e trouxe nada menos que Alain Prost, tornando-se assim dominante. Apesar do francês vencer mais provas naquele ano (sete contra cinco do austríaco), Lauda foi o sagrou-se tricampeão mundial com meio ponto de vantagem, na que viria a ser considerada a temporada mais acirrada da história da Fórmula 1.

Niki Lauda e Nelson Piquet, Fórmula 1
Niki Lauda e Nelson Piquet em 1984 (Reprodução / McLaren)

Lauda partiu para a defesa de seu título em 1985, mas conseguiu apenas uma vitória e abandonou 12 das 15 provas do ano. Sua última corrida na carreira foi o Grande Prêmio da Austrália, que abandonou após um acidente. Niki encerrou em definitivo sua carreira pela categoria terminando em 10º lugar na classificação geral daquela temporada.

Os feitos de Niki Lauda além das pistas

Após o fim de sua primeira passagem pela Fórmula 1, Niki Lauda concentrou-se em administrar sua empresa de aviação, a Lauda Air, que devido a alguns problemas financeiros acabou então sendo negociada futuramente.

Com o fim definitivo de sua carreira em 1985, Lauda manteve-se distante do automobilismo por muito tempo. No entanto, retornou à F1 como consultor técnico da Ferrari nos anos 1990. Em 2001, foi contratado pela Jaguar para assumir as funções de diretor técnico, mas resultados abaixo dos esperados levaram à sua demissão em 2003.

Em setembro de 2012, foi nomeado presidente não executivo da equipe Mercedes. No cargo, realizou talvez seu maior feito além das pistas, ao participar das negociações que trariam Lewis Hamilton para a equipe alemã no final de 2012, iniciando assim uma parceria de sucesso entre a escuderia e o piloto.

Em 2013, o austríaco teve a história de sua rivalidade com James Hunt recriada em Hollywood, no longa-metragem Rush – No Limite da Emoção. O filme também ficou marcado por reconstituir nas telas do cinema o acidente sofrido por Lauda em 1976.

O acidente de Niki Lauda foi reconstituído no Filme "Rush"
O acidente de Niki Lauda foi reconstituído nos cinemas (Reprodução / Rush – No Limite da Emoção)

A morte e o legado de Niki Lauda

Niki Lauda faleceu em 20 de maio de 2019, devido a problemas renais. Ele deixou quatro filhos, frutos de seus dois casamentos com Marlene Knaus e Birgit Wetzinger. O ex-piloto havia passado por um transplante de pulmão em agosto de 2018 e, apesar de uma boa recuperação inicial, seu estado de saúde se deteriorou nos meses seguintes.

Lauda foi e sempre será uma lenda do automobilismo, sagrando-se um verdadeiro campeão não só dentro das pistas, mas também em sua vida. Sua história de superação é lembrada até os dias atuais, dentro e fora da bolha da F1, ao se tratat de exemplos de superação e força de vontade.

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Escrito por Mateus Pereira

Colaborador do Naspistas desde 2023, nasci no estado do Rio de Janeiro e alinho minha maior paixão à minha vocação através da produção de conteúdo sobre esportes. Entre as minhas áreas de maior domínio e experiência profissional estão o automobilismo, o futebol e o universo geek.
Certificado como Jornalista Digital e Social Media pela Academia do Jornalista, contribui no passado como Colunista, Editor-chefe e Líder da editoria de Esportes nos portais R7 Lorena e iG In Magazine.

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