Ayrton Senna morria há exatamente 29 anos, no trágico acidente da curva Tamburello. Luis Roberto estava em Ímola naquele fim-de-semana
Quem tem 35 anos ou mais se recorda de onde estava na inesquecível manhã daquele feriado de 1º de maio de 1994. A vida de Ayrton Senna seria bruscamente interrompida na famigerada curva Tamburello, nas primeiras voltas do GP de San Marino, em Ímola. Há exatamente 29 anos, o Brasil e o mundo choravam a perda precoce de um dos maiores ícones do esporte.
Luis Roberto estava na cobertura da corrida. Na época trabalhando pela Rádio Globo, o narrador atuava como repórter na Fórmula 1. Ou seja, mantinha contato frequente com os pilotos. Em entrevista para o portal Motorsport, o locutor titular da TV Globo recordou detalhes do mais triste fim-de-semana da história do automobilismo.
Afinal, na sexta-feira anterior ocorreu a grave batida de Rubens Barrichello no treino livre e a morte do austríaco Roland Ratzenberger no sábado, na véspera da tragédia que vitimaria Ayrton Senna. “Eu me lembro da batida do Ratzenberger. Ele bate, ricocheteia e gira. E ele já está com a cabeça tombada e você via na lateral o joelho do piloto. Arranca a lateral do carro e eu falei: ‘Não é possível, o cara morreu'”, relatou Luis Roberto.
Luis Roberto esteve com Senna momentos antes da batida
Na época repórter do Grupo Globo de Rádio, o narrador comentou sobre a conversa que Ayrton Senna teve com ele e seus colegas de imprensa, um pouco antes do início da fatídica corrida. Na declaração, o piloto anunciou o retorno da Associação dos Pilotos de GPs da F1.
“Ele entra no box da Williams e bota as duas mãos sobre as asas do carro. E ele deu uma declaração para a gente ali, falando que tinha sido recriada a GPDA. É a última imagem que eu tenho do Ayrton Senna vivo. Dali a gente vai para a cabine de transmissão e na verdade eu não vejo mais o Senna. Eu vejo o Senna com o corpo coberto quando o corpo saiu do hospital Maggiore”, lamenta.
Na época, Luis Roberto tinha um celular com alcance internacional, uma novidade para a época. Assim, o então repórter realizou uma grande cobertura ao vivo da morte de Senna para a Rádio Globo. Anteriormente, havia entrevistado o piloto da Williams depois deste visitar Rubens Barrichello, que havia batido dois dias antes.
Luís Roberto trouxe mais testemunhos para o site Motorsport. “Neste momento o corpo do Senna está sendo tirado da UTI na maca, coberto por um lençol. Tinha uma mancha de sangue na altura do nariz”, contou.
Convite para ver o corpo de Senna
Durante um plantão na porta do Instituto Médico Legal (IML), Luís Roberto contou sobre um convite para os jornalistas verem o corpo de Ayrton Senna. “Quando abriu a porta lá do fundo do IML saiu uma senhora. E ela pergunta: ‘Vocês querem olhar?’. E a gente olhou um para a cara do outro”, recordou.
Desse modo, acrescentou que alguns repórteres tiveram interesse em presenciar o cadáver do piloto. Mas a maioria recusou e a imprensa, no fim, não adentrou o local. Conforme a funcionária do IML, Ayrton Senna tinha um ferimento no rosto e a cabeça estava inchada. Além disso, o corpo de Roland Ratzenberger estava ao lado do brasileiro.
Por fim, Luis Roberto voltou para o Brasil ao lado do caixão no voo, junto com o irmão de Senna e Galvão Bueno, que os convidou para fazer uma oração de despedida. “Não fui ao enterro, fiquei muito mal. Cheguei em casa e desabei. Não conseguia fazer mais nada, só chorava, processando o que tinha acontecido”, finalizou.