Francês ficou tetraplégico após uma batida no autódromo de Jacarepaguá
Em clima de verão, praia e carnaval, o extinto autódromo Nelson Piquet, localizado em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, parecia ser o local ideal para o circo da Fórmula 1, que buscava uma outra atmosfera. No entanto, um grave acidente com o francês Philippe Streiff, em 1989, foi responsável por banir a Cidade Maravilhosa da categoria.
Naquela época, a Fórmula 1 buscava a temperatura abrasiva do Rio de Janeiro para efetuar os testes de pré-temporada, o que transformava o Grande Prêmio do Brasil na primeira etapa do calendário.
O bom retrospecto de Streiff, que contabilizava 54 GPs no currículo, era a aposta para o desenvolvimento da AGS. No entanto, o francês se acidentou na Curva do Suspiro no dia 15 de março. De acordo com a telemetria, Streiff perdeu o controle do JH23B a 200 KM/H e o impacto aconteceu a 180 KM/H.
Segundo os fiscais de prova, a AGS capotou e os detritos atingiram profissionais que trabalhavam no local. O carro ainda sofreu um princípio de incêndio, que foi controlado pelo Corpo de Bombeiros. Steiff permaneceu consciente dentro do JH23B.
Irregularidades no atendimento
Ao ser socorrido, Philippe foi encaminhado ao ambulatório do circuito de Jacarepaguá, onde foi submetido a alguns exames. Além de ter movimentos limitados no corpo, o francês estava com lesões na clavícula, omoplata e coluna. Com este diagnóstico, Streiff foi transferido para o Hospital da Gávea, onde passou por uma cirurgia.
O piloto começou a perder os movimentos do corpo de maneira gradativa, o que causou grande preocupação na família. Desta forma foi solicitado o acompanhamento do ortopedista Gérard Saillant, que teceu críticas em relação ao atendimento no Brasil.
Segundo os franceses, a remoção de Streiff e a sua transferência para o hospital contribuíram para as sequelas. O piloto foi retirado do carro sem um colar cervical e transportado à unidade de saúde de ambulância, devido à ausência de um heliporto no local. Ainda conforme a família, a presença de paralelepípedos nas ruas da Gávea também contribuíram para ampliar a lesão do piloto.
Depois do tratamento no Rio, Philippe passou por outra cirurgia na Europa onde soube que estava tetraplégico.
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Consequências para o GP do Brasil
O acidente causou um grande impacto na organização do Grande Prêmio do Brasil, que sofreu com duras críticas relacionadas a falta de estrutura do hospital e ao atendimento prestado na pista. Este cenário foi decisivo para o retorno de Interlagos, que voltou a sediar a Fórmula 1 em 1990.
Sem poder correr, Philippe Streiff permaneceu no mundo automobilismo dedicando a sua vida ao desenvolvimento de sistemas automotivos para pessoas portadoras de deficiências. O francês faleceu no final de 2022.